quarta-feira, janeiro 12, 2011

A menina dos três vês duplos [+6 anos].- XFC



Era-se uma vez uma menina con rabichos que se chamaba Willermina Wendy Willow.

Na escola todos comentavam o estranho que era aquele nome.

Estaba cheio de vês duplos.

Os companheiros, para abreviá-lo, chamavam-na Wuwuwuwu. A coitada da Willermina Wendy Willow não gostava nada daquilo. Sentia-se como uma página web longuísima.

Só faltava que alguém clicasse nela para se lançar a navegar pela internet.

Por isso preguntava aos pais:

– O que posso fazer?

Eles não entendiam bem a que se referia a menina com os rabichos esticados.

– O que queres fazer? Un pastel de cereijas, un castelo de mamcarrões, pintar bigodes ao quadro da bisavó? –perguntavam eles.

A menina não sabia como lhes explicar que não gostava do seu nome. Coitadinha ela.

Até que um bom dia, justo quando fazia dez anos, os pais decidiram fazer uma viagem desde Austrália, onde moravam, até o Reino Unido, para visitarem os avôs. 

Os avôs nunca tinham visto a netinha, porque já foi nascida na Austrália, com os pais emigrados lá.

E quando chegaram, os avôs, como é normal, comeram aos beijinhos. Era tão linda.

Então a avó perguntou-lhe:

– Então, como é que te chamas?

Ela ia dizer automaticamente o de Willermina Wendy Willow, mas não deu. Saiu-lhe automanticamente:

– Mary Margaret Martin.

A avó sorriu.

– Tens um nome bonito! –disse ela.

Os pais não percebiam nada. Como era possível? 

Olharam para os documentos da garota. Mesmo no passaporte dizia Mary Margaret Martin.

Contaram aos avôs que ainda em Austrália, a menina tinha três vês duplos no nome, e que eles não percebiam como era possível aquela mudança.

Mas o avô, que olhava para eles sem dizer nada, explicou: 

– Pronto, é normal. O W quando vem para esta parte do planeta converte-se num M, porque na verdade o W é um M de barriga para cima. É por isso que o W quando chegou aqui, virou para um M. Depois, o nome ficou como tinha que ficar.

Desde aquela explicação, a menina chamou-se para sempre Mary Margaret Martin.

© Texto: Xavier Frías Conde, 2011

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