
Entre as cousas do avô havia um pequeno gorro com umha hélice em cima. A Sara pensou que decerto aquilo seria um gorro voador para cães miúdos como o seu. Ia ajustado com umha correínha por baixo do queixo. Nom o pensou duas vezes. A Sara colocou o gorrinho ao Nico. A seguir premeu num botom que ficava num lateral e a hélice pôxo-se a virar; depois, o cão começou a voar polo quarto.
— Estás a voar, Nico, estás a voar! —berrou-lhe a Sara.
Com efeito, o Nico voava pola sala e ladrava para mostrar a sua felicidade.
— És um nicóptero, isto é, um Nico voador! —dixo-lhe ela entusiasmada.
O cão voava pola sala enquanto as hélices faziam um rugido como de ventilador. De vez em quando, o Nico batia contra umha parede, porque aquele invento do gorro com hélices nom tinha leme para poder virar. E claro, ao cabo, aquilo acabou sendo um desastre, porque o Nico estava cada vez mais nervoso e ladrava. Alguns quadros caírom para o chão, também um vaso da trisavoa... Um desastre, tanto que acudiu a avoa para ver que era o que causava aquele estrondo no quarto.
— Sara, o que é isto? —gritou a avoa quando viu o nicóptero ladrando e passando por cima das suas cabeças sem controle.
— Colhim este invento do baú do avô —explicou a Sara—. Pensei que fosse para os cães voar, nom é para isso?
— Mas que dis? Isso é um ventilador cerebral. O teu avô inventou-no para as pessoas, a fim que lhes refrescasse o cérebro e assim pudessem pensar friamente...
E justo nesse momento, o nicóptero enfiou pola janela aberta e saiu para o pátio...
Texto: Frantz Ferentz, 2015
Imagem: Valadouro, 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário