A Caricanta caíra em coma após um acidente de trânsito. Durante um tempo, ficou no hospital, até que os médicos decidiram que podia ficar em casa, sob o cuidado da sua família.
No início era visitada constantemente pelos amigos, mas conforme passavam as semanas, as visitas iam-se tornando mais e mais raras.
Até que só ficou o Adâmio. Ele era um colega da sua turma no liceu. Tinha estado apaixonado pela Caricanta já desde a creche. Os pais da garota aceitaram que o rapaz ficasse muitas horas em casa, porque assim eles não tinham que se ocupar tanto com a filha.
O Adâmio tinha ficado a saber que ler para as pessoas em coma era algo muito positivo. Portanto, começou a trazer livros da sua própria casa e a ler em voz alta para a garota.
Como adorava aquele rosto sereno, aqueles caracóis imóveis do seu cabelo; mágoa que mantivesse os olhos fechados.
Após três meses de visitar a Caricanta, o Adâmio decidiu ler-lhe em voz alta os seus próprios poemas. Eram poemas de amor e cada dia escrevia dez ou quinze novos. Lia-os com paixão, a falar abertamente dos seus sentimentos.
No terceiro dia depois de começar com a leitura dos poemas, a Caricanta abriu os olhos e bem logo deu pelo Adâmio.
— Acordaste! —disse o Adâmio com lágrimas nos olhos.
— Foi pela tua culpa —sussurrou ela.
— Como assim? —perguntou ele sem perceber.
— É que os teus versos são tão maus que me causam pesadelos. E eu com pesadelos, não consigo dormir...
© Frantz Ferentz, 2023
2 comentários:
No começo achei triste porque ela parou de ser visitada depois até que deu para eu sorrir ainda q e difícil de eu sorrir eu sou aluno da prof Fernanda
Achei bem legal
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