sexta-feira, novembro 24, 2023

PARANÁ 12: EM COMA

 


A Caricanta caíra em coma após um acidente de trânsito. Durante um tempo, ficou no hospital, até que os médicos decidiram que podia ficar em casa, sob o cuidado da sua família. 

No início era visitada constantemente pelos amigos, mas conforme passavam as semanas, as visitas iam-se tornando mais e mais raras. 

Até que só ficou o Adâmio. Ele era um colega da sua turma no liceu. Tinha estado apaixonado pela Caricanta já desde a creche. Os pais da garota aceitaram que o rapaz ficasse muitas horas em casa, porque assim eles não tinham que se ocupar tanto com a filha. 

O Adâmio tinha ficado a saber que ler para as pessoas em coma era algo muito positivo. Portanto, começou a trazer livros da sua própria casa e a ler em voz alta para a garota. 

Como adorava aquele rosto sereno, aqueles caracóis imóveis do seu cabelo; mágoa que mantivesse os olhos fechados. 

Após três meses de visitar a Caricanta, o Adâmio decidiu ler-lhe em voz alta os seus próprios poemas. Eram poemas de amor e cada dia escrevia dez ou quinze novos. Lia-os com paixão, a falar abertamente dos seus sentimentos. 

No terceiro dia depois de começar com a leitura dos poemas, a Caricanta abriu os olhos e bem logo deu pelo Adâmio. 

— Acordaste! —disse o Adâmio com lágrimas nos olhos. 

— Foi pela tua culpa —sussurrou ela. 

— Como assim? —perguntou ele sem perceber. 

— É que os teus versos são tão maus que me causam pesadelos. E eu com pesadelos, não consigo dormir...


© Frantz Ferentz, 2023


2 comentários:

Vitor disse...

No começo achei triste porque ela parou de ser visitada depois até que deu para eu sorrir ainda q e difícil de eu sorrir eu sou aluno da prof Fernanda

Anónimo disse...

Achei bem legal