O Capuchinho Vermelho recebeu o recado da mãe de levar um cestinho com comida para a avó, que morava sozinha na cabana do bosque.
“E toma o telemóvel”, diz a mãe, “mas usa-o apenas se te perderes. Não quero que ligues para as amigas, que depois chegam faturas colossais”.
“Entendido, mamã”.
E a menina saiu para o bosque com o seu cestinho, quando depois de um bocado encontrou o lobo feroz que lhe perguntou:
“Para onde é que vais?”
“Vou visitar a minha avozinha. Vou levar-lhe estes doces”.
“Que bonzinha és”, respondeu o lobo. “E como és tão bonitinha, toma este caminho cá à direita, que é mais curto para chegares à casa da tua avozinha”.
“Obrigada”.
Mas o Capuchinho Vermelho não era tão ingénua como pensava o lobo. Portanto, ligou para a avó:
“Á, vovó, o lobo ruim sabe que vou para tua casa. Liga para o caçador, caso a fera queira comer-te”.
“Obrigada, filhinha”, disse a avó. “Já ligo para ele, que mora cá perto”.
Assim, quando o Capuchinho Vermelho chegou à casa da avó, encontrou a avó muito viva, sentada na cama, o caçador vizinho que apontava para o lobo (o canhão da sua espingarda quase lhe fazia um segundo umbigo). O Capuchinho Vermelho suspirou aliviada. Graças ao telemóvel pôde salvar a sua avozinha linda.
Então, de repente, soaram uns golpes muito fortes. Estavam a bater na porta.
“Abram à lei”, gritou uma voz.
“Que bem, vão levar preso este lobo mau”, disse a avó.
Abriram e entraram dois agentes da lei, quem, em vez de arrestar o lobo, pediram para o caçador mostrar a sua licença de armas, mas como não tinha, os agentes levaram-no para a estação da polícia.
Assim, o lobo feroz ficou a sós com o Capuchinho Vermelho e a avó. Nesse instante, mostrou-lhes o seu próprio telemóvel, enquanto dizia:
“Eu também sei usar um telemóvel... E agora que estamos sós, já nem precisam preguntar porque tenho umas orelhas tão grandes, um nariz tão grande, uma boca tão grande... Continuemos onde isto tem de continuar. Auuuuuu!”.
© Frantz Ferentz, 2023
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