Há muitos anos, no Japão, existia uma aldeia muito pequena.
Era uma aldeia de pescadores. A vida corria toda tranquila.
Um dos habitantes da aldeia era o Lubishomi.
Tratava-se de um garoto órfão. Morava com o seu avô, o velho Karinbu.
O avô e o neto moravam numa pequena casa perto da praia.
O neto ajudava o avô com as tarefas da pesca.
A vida corria tranquila, muito tranquila.
Até que um dia chegou a terrível notícia.
O dragão chinês Alein-tush atravessara o mar e viera instalar-se no reino do Japão.
Começou a destruir todas as aldeias.
Queimava-as e as pessoas fugiam. Perdiam tudo.
Os exércitos do Rei não podiam deter aquele monstro terrível que ameaçava reduzir todo o país a um monte cinza.
Era terrível.
Até que um dia chegou à aldeia do Lubishomi.
O rapaz estava no monte, a recolher lenha para o fogo.
Viu o dragão voar pelo céu.
Em questão de minutos, toda a aldeia tornou-se cinzas.
“Avô!”, gritou o Lubishomi depois de uns segundos.
O rapaz correu para a casa.
Estava toda destruída, queimada.
Mas não havia rastro do avô.
Um vizinho ainda se achegou do Lubishomi e disse-lhe:
“O teu avô tentou lutar contra o monstro, mas o monstro pegou nele e levou-o pelos ares”
Que triste notícia para o Lubishomi!
O rapaz compreendeu que chegara o momento de deixar de ser um garoto para passar a ser um homem.
Decidiu que devia ir ao resgate do seu avô e, se podia, liquidar o dragão lendário Alein-tush.
Mas não sabia por onde começar.
Mas tive muita sorte.
Achou um jornal velho na aldeia, entre as ruínas.
Nele havia um anúncio que dizia: “Mestre Kaizu: último treinador de ninjas”.
Lubishomi viu a luz: devia tornar-se ninja.
Lubishomi chegou a Tóquio. De seguida encontrou a escola do mestre Kaizu.
Este disse-lhe: “Já estava à tua espera”.
O mestre Kaizu era um grande sábio.
“Vou ensinar-te a ser um grande ninja. Serás o melhor e mais importante ninja do Japão em apenas duas semanas”, disse o mestre.
“Mas, o que acontecerá com o meu avô?”, perguntou o Lubishomi.
Mas o mestre nem respondeu.
Apenas comeu uma banana.
Devia ser uma banana mística.
Depois de duas semanas, com efeito, o Lubishome já foi um autêntico ninja.
Estava pronto para partir.
“Obrigado por tudo, mestre”, disse o Lubishomi como despedida.
“Esqueces uma coisa”, respondeu-lhe o mestre.
“O que?”
“Pagar-me o curso”.
“Quando resgatar o meu avô, pagar-te-ei. Ele tem cartão de crédito”, respondeu o rapaz.
Partiu logo à procura do dragão Alein-tush.
Não foi difícil achá-lo, porque o fedor do seu alento chegava até ao outro extremo do Japão.
Na altura estava numa cova afastada de um pequeno arquipélago despovoado.
Lá estava o avô.
Mas não estava sozinho.
Com ele havia toda uma legião de avôs e avós que trabalhavam de serventes do dragão.
“Avô”, anunciou o Lubishomi, “estou cá para te libertar”.
“Á pá, não penses. Eu fico cá. Tenho comida grátis e não tenho que apanhar resfriados no mar para pescar quatro sardinhas miseráveis”.
O rapaz pensa que avô deve estar sob um encantamento do dragão.
Mas então chega o dragão.
Parece zangado de encontrar aquele intruso na sua cova.
Vai frigi-lo com uma boa lapa.
O rapaz prepara a sua equipa de ninja.
Escudo.
Espada
Máscara.
O dragão lançou uma enorme língua de fogo para frigir o rapaz.
Mas o escudo de ninja do Lubishomi fez que o fogo se voltasse contra o próprio dragão.
O dragão queimou-se com o seu próprio fogo.
E isso dói muito.
O dragão começou a chorar.
O Lubishomi estava muito contente.
Vencera o dragão.
Mas então chegou um inspector do imperador.
Vem acompanhado de muitos guardas.
“Tem você licença de ninja?”, pergunta o inspector.
“Não...”
“Então terá de pagar uma multa”, exprime o inspector muito sério.
O Lubishomi não percebeu.
As coisas não foram como ele esperava.
O avô não voltou para casa a pescar.
Porém, estabeleceu um restaurante na ilha com os outros avôs e avós. Coisa do turismo rural.
Ninguém lhe agradeceu que parasse os ataques do dragão.
Porém, o inspector do imperador multou-o por agir de ninja sem permissão.
E vocês seguramente estão a se perguntar como acabou esta história.
Só pôde acabar de uma maneira: o rapaz ninja tornou-se um bandido.
Precisava muito dinheiro para pagar o curso de ninja e também para pagar a multa.
Por isso, agora vai pelos caminhos do Império do Sol Nascente roubando o dinheiro dos ricos e dos pobres para pagar as suas dívidas...
© Xavier Frías Conde
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