sábado, outubro 21, 2006

O último ninja [+8 anos].- XFC





















     Há muitos anos, no Japão, existia uma aldeia muito pequena.
     Era uma aldeia de pescadores. A vida corria toda tranquila.
     Um dos habitantes da aldeia era o Lubishomi.
     Tratava-se de um garoto órfão. Morava com o seu avô, o velho Karinbu.
     O avô e o neto moravam numa pequena casa perto da praia.
     O neto ajudava o avô com as tarefas da pesca.
     A vida corria tranquila, muito tranquila.
     Até que um dia chegou a terrível notícia.
     O dragão chinês Alein-tush atravessara o mar e viera instalar-se no reino do Japão.
     Começou a destruir todas as aldeias.
     Queimava-as e as pessoas fugiam. Perdiam tudo.
     Os exércitos do Rei não podiam deter aquele monstro terrível que ameaçava reduzir todo o país a um monte cinza.
     Era terrível.
     Até que um dia chegou à aldeia do Lubishomi.
     O rapaz estava no monte, a recolher lenha para o fogo.
     Viu o dragão voar pelo céu.
     Em questão de minutos, toda a aldeia tornou-se cinzas.
     “Avô!”, gritou o Lubishomi depois de uns segundos.
     O rapaz correu para a casa.
     Estava toda destruída, queimada.
     Mas não havia rastro do avô.
     Um vizinho ainda se achegou do Lubishomi e disse-lhe:
     “O teu avô tentou lutar contra o monstro, mas o monstro pegou nele e levou-o pelos ares”
     Que triste notícia para o Lubishomi!
     O rapaz compreendeu que chegara o momento de deixar de ser um garoto para passar a ser um homem.
     Decidiu que devia ir ao resgate do seu avô e, se podia, liquidar o dragão lendário Alein-tush.
     Mas não sabia por onde começar.
     Mas tive muita sorte.
     Achou um jornal velho na aldeia, entre as ruínas.
     Nele havia um anúncio que dizia: “Mestre Kaizu: último treinador de ninjas”.
     Lubishomi viu a luz: devia tornar-se ninja.
     Lubishomi chegou a Tóquio. De seguida encontrou a escola do mestre      Kaizu.
     Este disse-lhe: “Já estava à tua espera”.
     O mestre Kaizu era um grande sábio.
     “Vou ensinar-te a ser um grande ninja. Serás o melhor e mais importante ninja do Japão em apenas duas semanas”, disse o mestre.
     “Mas, o que acontecerá com o meu avô?”, perguntou o Lubishomi.
     Mas o mestre nem respondeu.
     Apenas comeu uma banana.
     Devia ser uma banana mística.
     Depois de duas semanas, com efeito, o Lubishome já foi um autêntico ninja.
     Estava pronto para partir.
     “Obrigado por tudo, mestre”, disse o Lubishomi como despedida.
     “Esqueces uma coisa”, respondeu-lhe o mestre.
     “O que?”
     “Pagar-me o curso”.
     “Quando resgatar o meu avô, pagar-te-ei. Ele tem cartão de crédito”, respondeu o rapaz.
     Partiu logo à procura do dragão Alein-tush.
     Não foi difícil achá-lo, porque o fedor do seu alento chegava até ao outro extremo do Japão.
     Na altura estava numa cova afastada de um pequeno arquipélago despovoado.
     Lá estava o avô.
     Mas não estava sozinho.
     Com ele havia toda uma legião de avôs e avós que trabalhavam de serventes do dragão.
     “Avô”, anunciou o Lubishomi, “estou cá para te libertar”.
     “Á pá, não penses. Eu fico cá. Tenho comida grátis e não tenho que apanhar resfriados no mar para pescar quatro sardinhas miseráveis”.
     O rapaz pensa que avô deve estar sob um encantamento do dragão.
     Mas então chega o dragão.
     Parece zangado de encontrar aquele intruso na sua cova.
     Vai frigi-lo com uma boa lapa.
     O rapaz prepara a sua equipa de ninja.
     Escudo.
     Espada
     Máscara.
     O dragão lançou uma enorme língua de fogo para frigir o rapaz.
     Mas o escudo de ninja do Lubishomi fez que o fogo se voltasse contra o próprio dragão.
     O dragão queimou-se com o seu próprio fogo.
     E isso dói muito.
     O dragão começou a chorar.
     O Lubishomi estava muito contente.
     Vencera o dragão.
     Mas então chegou um inspector do imperador.
     Vem acompanhado de muitos guardas.
     “Tem você licença de ninja?”, pergunta o inspector.
     “Não...”
     “Então terá de pagar uma multa”, exprime o inspector muito sério.
     O Lubishomi não percebeu.
     As coisas não foram como ele esperava.
     O avô não voltou para casa a pescar.
     Porém, estabeleceu um restaurante na ilha com os outros avôs e avós. Coisa do turismo rural.
     Ninguém lhe agradeceu que parasse os ataques do dragão.
     Porém, o inspector do imperador multou-o por agir de ninja sem permissão.
     E vocês seguramente estão a se perguntar como acabou esta história.
     Só pôde acabar de uma maneira: o rapaz ninja tornou-se um bandido.
     Precisava muito dinheiro para pagar o curso de ninja e também para pagar a multa.
     Por isso, agora vai pelos caminhos do Império do Sol Nascente roubando o dinheiro dos ricos e dos pobres para pagar as suas dívidas...
© Xavier Frías Conde
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sexta-feira, outubro 20, 2006

Vampiros do mediodía [+8 anos].- Elena Frías Viana


    Toda a xente sabe que os vampiros (se é que existen) dormen pendurados do teito mentres haxa luz solar e se erguen á medianoite para asistiren a importantes xuntanzas organizadas polo Consello de Tiranos do Inframundo (CTI) ou para tomaren un chisco de sangue fresco.
    En todo isto hai unha gralla (por non dicirmos que nada do anteriormente mencinado é certo). Neste interesante documental hei explicar que eses costumes se remontan á época do Conde Drácula (que en paz descanse o tan admirado señor).

    Para comezar, son moitas as mudanzas nos costumes dos vampiros.

ALIMENTACIÓN:

Arestora, os vampiros sentaron a cabeza e refusan sugar sangue de inocentes, que era o tema principal das discusión do CTI, que nestes momentos se dedica a fundar hospitais.

Por esa razón, basearon a súa alimentación no zume de tomate, que é máis san que o sangue, e mais os ovos bulidos, que lles recordan os ollos que tanto adoraban na Idade Media.

HORARIOS:

Canto aos seus horarios, eles érguense ao mediodía, non para faceren un contraste coa medianoite, senón porque adoran bailar na discoteca e deitarse moi tarde á noite. Por iso, precisan durmir un mínimo de dez horas ao día, aínda que iso supoña erguerse á unha do mediodía.

VESTIMENTA:

Os vampiros mudaron as capas pretas por roupa deportiva e camisetas do seu equipo de fútbol favorito.

MASCOTAS:

Enantes non había un retrato dun vampiro completo sen que aparecese ao menos un morcego, ora pendurado do teito, ora do seu ombreiro. Asemade, fartos de que estas “simpáticas” mascotas chupasen máis sangue ca eles, dedidiron substituílos por hámsteres, que non dan tanta guerra, non enchen o teito de excrementos e, o máis importante, non lles fan a concorrencia coma chupasangues.

CONCLUSIÓN:

O que podemos salientar deste folleto informativo é que os vampiros se encontraron en franca minoría perante o resto dos mortais comúns de carne e óso e… mmm, sangue, polo que chegaron á conclusión de que prefiren unirse ao inimigo antes de se veren vencidos por el.

Así e todo, heiche advertir que se algún día ves un individuo con lentes de sol á noite, lisca! Aínda que ti poidas ver o sol, a eles aféctanlles as radiacións e, malia os máis deles seren pacíficos, algúns aínda conservan o seu ancestral instinto asasino…
© Helena Frías Viana
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(escrito con 10 anos)

O dragón apagado [+8 anos].- XFC



    Érase unha vez un dragón que estaba moi triste porque quería espantar na xente, mais cada vez que quería botar lume sobre a xente, saíalle só cinza.
    Acontecera que quedara sen lume nos seus pulmóns e por iso andaban apagados; só era quen de botar a cinza que lle quedaba dentro cando espirraba.
    Moi triste, decidiu sentar embaixo dunha árbore do parque grande da cidade e non se mover de alí endexamais.
    Mais da que estaba a chorar, chegou cabo del unha cativa chamada Laura e preguntoulle:
    — Por que choras, dragón?
    El díxolle:
    — É que cada vez que quero escorrentar na xente botando lume, non me sae lume pola boca; sáeme cinza. Estou apagado
     Laura ficou a pensar. Entendía que o dragón se sentise mal, pois que un dragón que non bota lume é igualiño ca un can que non ladra ou ca un pardal que non voa. O de escorrentar na xente xa era outra historia, mais polo de agora había axudarlle ao dragón a acender o seu fogo.
     Cabo de o pensar un anaco, díxolle a nena:
     — Pois, ven comigo que te hei levar a un sitio.
     Primeiro Laura levou o dragón onda un veterinario. Mais o veterinario, nada máis ver o dragón, caeu esvaecido.
     — Aquí non facemos nada... -dixo a meniña.
     Colleu o dragón da man e camiñaron pola cidade. Toda a xente mirábaos e afastábanse deles. O dragón púñalles medo!
     Da que camiñaban polas rúas desertas, Laura preguntou ao dragón:
     — E desde cando xa non botas lume polo nariz?
     — Desque collín a mormeira... Tusía e tusía tanto que ao cabo se apagou o meu lume.
     — E agora xa estás ben?
     — Case... aínda che teño algo de mocos.
     E xusto nese instante o dragón espirriou.
     — Haberemos curar a mormeira primeiro.
     Laura lembrouse dos remedios caseiros da súa avoa Adelaida. Ela sempre dicía que para quitar a tose non había cousa mellor que o mel con limón nun xarope que incluíse tamén romeiro.
     A nena mirou no peto. Aínda lle quedaba algo de diñeiro da súa paga. Encamiñouse a un herbolario e pediu ao dragón que a agardase alí fóra, non fose que o propietario do herbolario sufrise un síncope.
     Laura mercou os ingredientes e ata unha xerra de plástico e fabricou moi xeitosiñamente o xarope no medio do parque onde coñecera o dragón.
     — Bébeo aos grolos.
     O dragón obedeceu e bebeuno de vagariño.
     Sabía riquísimo!
     —  Agora habemos acender os teus pulmóns de novo...
     Mentres ela pensaba en ónde podía atopar axuda para o dragón, este púxose a xogar cun vello xornal que alguén esquecera nun banco do parque.
     —  Se fas tanto ruído con ese papel, heime distraer... — protestou ela, e en dicíndoo decatouse da portada, en grandes cabeceiros, do xornal: A SIDERURXIA DA CIDADE É A EMPRESA MÁIS IMPORTANTE DO PAÍS.
     Claro, a fábrica de aceiros, que aí tiñan bos fornos.
     A meniña levou o dragón a unha fábrica inmensa na que se fabricaba o aceiro. Os obreiros, ao comezo, asustáronse de ver aquel animal alí, mais ao veren a nena ir da man del acougábaos porque parecía inofensivo.
     Ela preguntou polo xefe, un señor con bigote e levaba un casco e garavata.
     —  O meu amigo o dragón, explicoulle Laura, ficou sen lume nos pulmóns e agora non pode escorrentar na xente, ¿non sabe?
     —  E que queres que eu lle faga? --preguntou o encargado da fábrica.
     —  Pois quizais se entrase un pouquiño nun deses fornos, talvez podería prender o seu lume de novo.
     —  Ti toleas... Quen entre aí queima coma un facho.
     —  Xa, mais el é un dragón. Déixelle facer a proba, por favor.
     — Non! — berroulle o señor— . Eu non deixo a ninguén brincar cos meus fornos... E vaite de aquí ou chamo á policía para que te leve a ti e o monstro ese...
     — Non insulte o meu amigo o dragón — protestou Laura.
     Mais o señor era un groseiro e colleuna do brazo para a levar á rúa. Ademais deu orde de que chamasen ao zoo para levaren fóra o dragón.
    — Céibeme! — protestaba Laura.
    Mais o señor non lle facía ningún caso.
    Entón o dragón sentiu que a cara se lle puña vermella.
    Alentou fortemente anoxado.
    Que lle pasaba?
    Simplemente que pola primeira vez tiña un amigo, alguén que se molestara en facer algo por el e estaban a tratar a súa amiga moi mal.
    Era indignante.
    De golpe saíulle fume polo nariz. A rabia fixera o milagro: os seus pulmóns acendéranse de novo e ía defender a rapaza.
    Vruuuum!
    Unha lapa inmensa chegou ata o encargado da fábrica. Ía moi ben calculada porque só lle queimou a garavata.
    O señor soltou a Laura. Logo dixo:
    — Este dargón é perfecto... Con el poderiamos acender os fornos cando se apagan en cuestión de segundos...
    E contratouno cun bo soldo e sen necesidade de ter que escorrentar na xente no seu tempo de lecer.
    Desde aquel día, Laura e mailo seu amigo o dragón pasaron moito tempo xuntos, e no outono comían castañas quentiñas porque o dragón asábaas co seu alento mellor ca ninguén.

© Xavier Frías Conde
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