quarta-feira, janeiro 26, 2011

Histórias da Ludmila com o seu auto [+8 anos].- Xafrico



1. A LUDMILA APRENDE A CONDUZIR


A Ludmila ia a receber a sua lição de conduzir.
Estava muito nervosa, mas não por causa do carro, nem pela friagem que fazia lá fora, nem mesmo porque havia tanto trânsito que autos circulavam até pelos passeios e pelas cloacas com os faros anti-névoas.
Então, o que afligia à Ludmila?
Era o seu professor da escola de condutores.
  Era un fulano feio, peludíssimo e com dois caninos inferiores que sobressaíam, até fazê-lo parecer um javali ou um ogro.
  Mas o pior não era o seu aspeto, era o seu caráter.
  Era capaz de fazer fugir um farol da rua ou de fazer o vento mudar de direção.
Aterrador, era aterrador.
A Ludmila não lhe tinha medo, mas não gostava da sua pouca educação.
Quando ela metia a terceira em vez da quarta, o professor gritava de tal modo que o teto do carro se alçava como a tapa duma lata de pêssegos em calda.
Ou quando ela errava com o pisca-pisca, ele lançava faíscas pelos olhos e fundia o vidro de frente do carro.
  Mas a Ludmila fartou.
  Durante a terceira sessão, decidiu dar-lhe uma lição.
  Foi assim que a Ludmila desceu do carro e começou a empurrar nele para o estacionar, mas o professor reagiu largando um grito tal que ficaram sem folhas todas as árvores num rádio de cem metro e até um cão peludo ficou todo calvinho.
  Depois, a Ludmila entrou no carro, olhou para o professor toda séria e disse-lhe:
  - Olhe para si no espelho.
  O professor olhou-se.
Por acaso teria uma nova verruga na ponta do nariz?
  Ou talvez lhe teria saído um terceiro canino?
  Pois não, ele via-se tão formoso como sempre.
  - Está bom, continue -mandou à Ludmila.
  A Ludmila meteu a primeira e começou a circular.
  De repente o professor viu um passarinho a voar ao lado da sua janela.
  E depois as nuvens, de algodão, batiam suavemente no focinho do carro, amorosas.
  O professor, então já meio aterrorizado, olhou para fora.
  A cidade via-se lá abaixo, tão pequenina, em miniatura...
  Então, finalmente, percebeu que estavam a voar!
  Quis gritar.
Mas nada saía pela sua boca.
E então, a Ludmila não guiava, pilotava, porque o carro se tornara numa espécie de aviãozinho.
Gostava de se meter entre as nuvens...
A viagem ainda durou meia hora.
Quis gritar.
Era bom isso de voar, não havia trânsito, nem semáforos, nem condutores cheios de pressa.
Finalmente a Ludmila aterrou suavemente no chão.
  Ao professor tremavam-lhe as pernas, quase nem se tinha em pé e mesmo uma parte da suas sedas cairam-lhe pelo medo que tinha passado.
- Fique bem, professor. Até amanhã -despediu-se a Ludmila.
  O professor ficou a olhar para ela, viu como se perdia de vista a caminha toda tranquila.
Ficou a pensar se tudo fora um sonho ou ser fora submetido a uma sessão de hipnose; ou se, realmente, aquela mulher era uma bruxa e era capaz de fazer voar igual uma vassoira do que um carro.
  Mas ele ia ficar com a dúvida.
  Por acaso, ia parar de gritar àquela mulher, não fosse que...



2. A LUDMILA FAZ O EXAME DE CONDUTORA



  Ludmila saiu de casa toda decidida para fazer o seu exame de condução.
  Fazia um bom dia, embora fosse inverno, o sol assomava-se.
  Mas quando olho para o sol, descobriu que ele tinha cachecol.
  Não podia ser, aquilo era muito estranho, mas na vida da Ludmila sempre aconteciam coisas muito estranhas.
  Não disse nada disso.
  Chegou ao local dos exames.
  A examinadora era uma senhora com face de truta.
  Era pena não ter uma cana e um anzol para lho deitar, se por acaso picava.
A Ludmila estava muito animada.
  Acendeu o motor do carro e, de repente, ouviu-se um "atchis".
  A examinadora com face de truta disse:
  - Saúde.
  - Eu não espirrei -disse a Ludmila
  Mas a examinadora não fazia mais do que tomar notas como uma possuída na sua caderneta.
Então voltou a ouvir-se um espirro.
- Saúde -repetiu a examinadora.
Sem perder de vista a rua, a Ludmila olhou para o ceu.
O sol tinha claros síntomas de resfriado.
  Levaba um cachecol comprido que flutuava e precisamente, quando um dos seus extremos caiu entre o passo dos peões e o semáforo.
E então ainda se ouviu outro espirro:
- Atchis!
Era incrível, mas então foi a Ludmila que disse:
  - Saúde.
  - Obrigada.
E passou a mão pelos narizes, embora fosse um gesto inconsciente.
  Então, a Ludmila começou a subir pelo cachecol do sol, cujo extremo tocava o chão.
  Subiu e subiu, e quanto mais acima estavam, mais calor fazia.
  À examinadora começou a lhe sair fumo pelas orelhas.
  Parecia uma cafeteira que mesmo fazia "fuuuuuuuuuuuu".
  Finalmente, a examinadora esvaiu.
  A Ludmila tinha guiado o carro até lá no alto, perto do sol.
Fazia um calor muito agradável.
Abriu a janela do carro, tirou umas pílulas de menta da algibeira e lançou-as para o sol enquanto lhe dizia:
  - São caramelos para a gorja. Espero que te ajudem.
E o sol, grato, fez baixar o outro extremo do cachecole até o chão.
  A Ludmila desceu devagarinho.
Quando a examinadora recuperou o sentido, já estavam no chão.
  Mas infelizmente aterraram na Austrália.
  A examinadora pareceu lembrar algo de uma visita ao sol.
  Com certeza foram tudo alucinações.
Mas se contava aquilo a qualquer um, iam tomá-la por maluca.
  A examinadora fitou para a Ludmila e disse-lhe:
  - Você conduz muito bem, não é?
- Muito bem, minha senhora.
  Então a examinadora molhou o carimbo e pôs o selo no documento do exame.
  Dizia: "Aprovado, mas esta pessoa tem que conduzir apegada ao chão".
  Aquela era uma explicação muito estranha que os polícias de trânsito não entenderiam.
  E menos ainda se eram australianos.



© Texto: Xavier Frías Conde, 2011

sexta-feira, janeiro 14, 2011

A folga dos peregrinos [+8 anos].- XFC



1


Durante séculos, o camiño de Santiago pasara por aquela aldea, atravesándoa en liña recta.

Os camiñantes podían acubillarse brevemente baixo as follas das súas árbores nos meses de verán para así teren un chisco de frescor.

Porén, aquilo ía mudar.

Ía mudar porque o rexedor da aldea ía construír, xusto por onde pasaba o camiño de Santiago, un precioso centro comercial.

Fixeran unha oferta tentadora, tanto que foi imposíbel dicir que non.


Á xente da aldea sorprendeu aquela decisión e axiña preguntaron:

– Por onde pasará entón o Camiño?

Mais iso o rexedor xa o tiña planificado.

O camiño daría un rodeo dun par de quilómetros, arredor da aldea.

E para os peregrinos estaren contentos, mandou colocar unha área de descanso con hamacas, fontes e até aparellos de ximnasia.

Mellor imposíbel.

Aproveitando os meses de inverno, cando os peregrinos non facían o camiño, o centro comercial estivo alzado en cuestión dun mes.

Ficaba tan bonito.

Xa virían os da capital até a aldea e o negocio correría óptimo.


2




Chegou o bo tempo.

Era o momento de os peregrinos retomaren o camiño.

As primeiras ondas deles pasaron os Pireneos e comezaron a marchar polo planalto castelán despois de abandonaren Navarra.

Até que chegaron a aquela aldea.

Alí o camiño, despois de séculos, estaba cortado.

Embora houbese cartaces que indicaban o desvío e mesmo que convidaban os peregrinos a tomaren un refresco a escoller (de limón, de laranxa ou de maracuxá), todos os camiñantes paraban perante o centro comercial.

Ninguén tomaba o desvío.

Como era posíbel?

Día tras día, íase acumulando xente diante do centro comercial.

Ninguén seguía a rota marcada polo Concello, o desvío.

O rexedor, ademais dos refrescos, chegou a ofrecer a quen tomase o desvío, autocolantes luminosos, transistores en forma de vieiras e até paseos en camelo (os camelos faríaos vir do zoo da capital se era preciso).

Todo foi en van.

Cabo dunha semana, xa douscentos peregrinos estaban acampados ás portas do centro comercial que cortaba o paso do Camiño de Santiago.


3





A situación comezaba a ser insostíbel.

Os habitantes da aldea queixáronse ao rexedor, que xa non sabía o que facer.

Se cadra chamaría á policía e acusaría os peregrinos de alteraren a vida normal da aldea.

Si, iso faría. Os peregrinos non tiñan dereito ningún de incomodaren os habitantes da aldea.

En cuestión de horas chegarían os policías para disolveren os peregrinos.

O alcalde mesmo avisou das súas intencións.

Foi aínda en van.

E entrementres, outros cincuenta peregrinos uníronse ao campamento.

Había tanta xente que xa nin cabían.

Parecía un globo cheo de auga que non paraba de medrar, só que, en vez de auga, se trataba de xente.

E como un globo, estoupou.

Estoupou empurrando a xente cara ao centro comercial.

Os peregrinos caeron a cachón sobre o centro comercial.

E polo centro do centro comercial abriuse novamente o camiño.

Xa con calma, os peregrinos foron botando a camiñar para adiante.

O Camiño de Santiago estaba, finalmente, reaberto.

O centro comercial estaba, infelizmente, inservíbel.

O rexedor estaba, loxicamente, desesperado.

Por iso, desde aquela, o rexedor emigrou e dedicouse a organizar carreiras de sapoconchos en Nova Celandia, onde ninguén o coñecía.


© Texto: Xavier Frías Conde, 2011


 

quarta-feira, janeiro 12, 2011

A menina dos três vês duplos [+6 anos].- XFC



Era-se uma vez uma menina con rabichos que se chamaba Willermina Wendy Willow.

Na escola todos comentavam o estranho que era aquele nome.

Estaba cheio de vês duplos.

Os companheiros, para abreviá-lo, chamavam-na Wuwuwuwu. A coitada da Willermina Wendy Willow não gostava nada daquilo. Sentia-se como uma página web longuísima.

Só faltava que alguém clicasse nela para se lançar a navegar pela internet.

Por isso preguntava aos pais:

– O que posso fazer?

Eles não entendiam bem a que se referia a menina com os rabichos esticados.

– O que queres fazer? Un pastel de cereijas, un castelo de mamcarrões, pintar bigodes ao quadro da bisavó? –perguntavam eles.

A menina não sabia como lhes explicar que não gostava do seu nome. Coitadinha ela.

Até que um bom dia, justo quando fazia dez anos, os pais decidiram fazer uma viagem desde Austrália, onde moravam, até o Reino Unido, para visitarem os avôs. 

Os avôs nunca tinham visto a netinha, porque já foi nascida na Austrália, com os pais emigrados lá.

E quando chegaram, os avôs, como é normal, comeram aos beijinhos. Era tão linda.

Então a avó perguntou-lhe:

– Então, como é que te chamas?

Ela ia dizer automaticamente o de Willermina Wendy Willow, mas não deu. Saiu-lhe automanticamente:

– Mary Margaret Martin.

A avó sorriu.

– Tens um nome bonito! –disse ela.

Os pais não percebiam nada. Como era possível? 

Olharam para os documentos da garota. Mesmo no passaporte dizia Mary Margaret Martin.

Contaram aos avôs que ainda em Austrália, a menina tinha três vês duplos no nome, e que eles não percebiam como era possível aquela mudança.

Mas o avô, que olhava para eles sem dizer nada, explicou: 

– Pronto, é normal. O W quando vem para esta parte do planeta converte-se num M, porque na verdade o W é um M de barriga para cima. É por isso que o W quando chegou aqui, virou para um M. Depois, o nome ficou como tinha que ficar.

Desde aquela explicação, a menina chamou-se para sempre Mary Margaret Martin.

© Texto: Xavier Frías Conde, 2011

terça-feira, janeiro 04, 2011

Os problemas de Ludmila ao volante [+6 anos].- XFC


Ludmila montou no auto.
Prendeu o motor.
Comezou a marchar pola rúa adiante.
E aos vinte segundos xustos...
PABÚ, PABÚ
Era o cretino ese que todos os días, á mesma hora, se chantaba tras ela e comezaba a pitarlle.
E todo porque tiña un "L" na traseira do auto.
Maleducado.
O ruín era que, todos os días, aquel paisano repetía a mesma leria.
E por riba fumaba un charuto noxento e sorría mentres lle daba á buguina:
PABÚ, PABÚ...
Mais Ludmila un día fartou.
Precisamente foi cando descubriu onde vivía o paisano.
Deixaba todas as noites o auto na rúa.
Ela iso de guiar non o favía moito ben, mais era moi hábil para outras cousas.
Aproveitou a noite e...
Ao outro día, Ludmila montou no auto.
Prendeu o motor.
Comezou a marchar pola rúa adiante.
E aos vinte segundos xustos...
ATCHUM, ATCHUM, ATCHUM...
Era o cretino de todos os días.
Mais o charuto caeulle nas calzas pola sorpresa.
Fíxolle un burato ben bonito.
Non entendía como o seu auto, no canto de facer "pabú-pabú" espirraba cando lle daba á buguina.
Mais o peor era que toda a xente que ía pola rúa non paraba de rir.
E Ludmila, toda calma, seguiu o seu camiño a guiar ben atenta.

© Texto: Xavier Frías Conde, 2011


sábado, janeiro 01, 2011

O enigma de Sra [+12 anos].- XFC


A Sara, por me ter inspirado este conto, co desexo de que algún día aprenda a bater o papo ben.


1


    Antonín Chodov era unha eminencia en lingüística.
    Levara un premio pola súa terceira tese sobre a lingua dos cazadores de mamutes en Siberia, falaba trinta e catro idiomas (a maioría deles tamén por teléfono) e era considerado a maior autoridade en materia lingüística no seu país.
    Ninguén sabe máis de linguas ca el.
    Era mesmo capaz de descifrar o escrito por un médico chinés nunha receita. Impresionante.
    A súa traxectoria podería ter seguido para adiante de non ter sido por aquel pequeno incidente que lle aconteceu aínda moi novo, con vinte e cinco anos, mais xa daquela era unha eminencia no campo da lingüística.
    Aínda que fose un tipo que vivía totalmente para a lingüística, o Antonín gustaba de ter amigos pola rede, de participar nas redes sociais.
    Así foi coñecendo moita xente, xente  de toda caste, desde esquimos que querían aprender a cazar bolboretas até xente que domeaba lesmas, pasando por comedores de dicionarios.
    Había xente moi interesante e aos poucos, o Antonin ía facendo amizades por todo o planeta, mais case todas eran amizades virtuais, persoas coas que nunca tiña un encontro cara a cara, porque vivían en puntos remotos do planeta (ou polo menos iso dicían, porque había un que lle vivía xusto tres andares por baixo, mais dicía que vivía en Nova York para se dar ares de grandeza). En fin…
    A cuestión foi que, entre tanta xente, o Antonín chegou a coñecer a Sra, aínda que era unha rapariga estraña cuxo nome mudaba por días, porque podía ser tamén Sar, Sr e mesmo Srh.
    Precisamente aquel pormenor foi o que atrouxo máis o interese do Antonín, que ela tiña un nome nunha lingua que mudaba de día para día. Interesouse primeiro por iso, mais tamén cómpre dicir que cando viu a súa foto, gustou dela, porque tiña uns olliños moi expresivos. No seu perfil o nome que puña era Sarah, mais podía telo en inglés.
    Porén, ela non era falante de inglés, iso víase de lonxe.
    Antonín comezou a se sentir máis e máis atraído por aquela rapariga e ao cabo tomou valor para comezar a trocar mensaxes con ela. Probou a lle escribir en inglés. A súa primeira mensaxe foi: «Hi, this is Antonín, from Prague. Nice to meet you».



2


    A resposta non se fixo agardar. A Sarah respondeu inmediatamente, mais a resposta dela non foi o esperado, ou talvez si?
    Dicía: «Hll Qnton cne mtee yop. Sra».
    Fascinante. O Antonín leu aquela mensaxe non menos de seiscentas veces en media hora.
    Estaba escrito nun idioma que el ignoraba.
    E claro, durante a seguinte semana, o mozo parou de facer todo o que tiña entre mans e dedicouse a pescudar na lingua daquela mensaxe, tentando localizala.
    O máis parecido que atopou foi un dialecto sánscrito do século III antes de Cristo, mais aquilo non facía moito sentido.
    Ou seica si e ela era un prodixio da lingüística maior ca el e estaba a desafialo?
    Que emocionante.
    O Antonín decidiu continuar a relación con ela por mensaxes de batepapo. O seguinte foi tamén en inglés e xa contou algo máis sobre si: «Happy to get your message. I work at a university. My favourite food is spaghetti. I also like playing the oboe».
    Era moi tenro, porque o Antonín nunca contaba cousas tan íntimas de si e menos aínda na segunda mensaxe.
    A segunda resposta da Sarah foi ben rápida.
    Ela tamén foi máis extensa: «Ts grta k nosobmdy lll yoi& spaghetj 0?y fvruoiet dodo - Srha».
    Como xa podedes imaxinar, aquela resposta significou que o Antonín dedicou non só unha semana, mais dúas a estudar aquela mensaxe, que non daba comprendido, aínda que detectara algunha palabra, como espaguete.
    De facto enviou aquelas dúas mensaxes da Sarah a varios colegas expertos en linguas estrañas. As opinións deles eran diverxentes, non se puñan de acordo sobre a natureza daquela lingua.
    O colega Pavlov, de Mosca, afirmaba que aquela muller escribía nunha variante mesopotámica.
    Pola súa banda, o colega Fergssohn, de Växjo, afirmaba que se trataba dunha deformación de demíótico exipcio serodio.
    Finalmente, a colega Cascadillo, da Universidade de California, opinaba que tiña todos os trazos de se tratar dunha lingua andina emparentada con quechua había tres mil anos.
    Tanta disparidade de opinións preocupaba ao Antonín.
    O serán en que tiña todas as respostas ao lado do seu computador, ficou a ollar para a imaxe que a Sarah tiña no seu perfil da rede social.
    Atopábaa moi interesante, aínda que, por algunha estraña razón que lle fuxía, tiña pinta de bruxa.
    Sería, se callar, a súa pel entre verde e amarela, as súas roupaxes pretas, a súa verruga na barbadela, o seu gorro en forma de cono…
    Escapoulle un suspiro. Por sorte non o escoitou ninguén. Estaba só no seu cuarto da residencia de profesores onde vivía. Mellor así, mais tiña que recoñecer que se sentía un chisco só.



3

    E entón, de repente, a Sarah demostroulle que tiña máis de bruxa do que el pensara.
    Parecía que ela adiviñara que el estaba a pensar nela porque, sen previo aviso, apareceu unha mensaxe dela no batepapo.
    Incribelmente estaba escrita en inglés:
    «Hi, how are you?»
    Antonín ficou paralizado durante uns segundos.
    Notou que nel se mesturaba o interese lingüístico polo interese persoal por Sarah.
    Que situación.
    Nunca tal lle acontecera, mais era claro que algún día algo máis do que os idiomas entraría no seu corazón.
    Xa llo dicía a súa bisavoa, falante dun dialecto rusino: "Algún día, nese teu corazón unha lingua fará que te namores".
    Parecía que ese momento chegara xusto daquela.
    Aquela rapariga con aspecto de bruxa que falaba un idioma incomprensíbel e incatalogábel abrira as portas do seu corazón, até daquela insensíbel a todo o que non foren linguas.
    «Are you there?», continuou ela.
    Antonín volveu á realidade e respondeu:
    «Yes». Non sabía que máis engadir.
    «I wanted to talk to you for a while», escribiu ela.
    «:-)». Felizmente sabía pór as cariñas.
    Antonín foise animando aos poucos. Sentíase moi ben. A conversa polo batepapo transcorreu divertida, simpática, mais non a podemos pór aquí porque é parte da intimidade entre o Antonín e a Sarah.
    Cando fecharon a conversa, o Antonín caeu na súa cama todo contento.
    E estaba tan entusiasmado que nin se decatara que, ao se deixar caer con todo o seu peso, a cama non o resistira e afundira, de modo que o colchón estaba no chan.
    Mais iso a el tanto lle tiña.



4



    No día seguinte, a primeira cousa que fixo o Antonín, despois de se erguer, foi ir ao computador e máis concretamente á rede social para ver se a Sarah estaba ligada.
    Normalmente, o Antonín non facía iso, senón que recibía un correo diario dun programa que se chamaba: "Aprenda unha nova palabra cada día". A cousa é que el estaba inscrito a ese programa non nunha lingua, mais en todas as que sabía e algunha máis.
    Mesmo comezara a inventar unha lingua propia e enviábase a si mesmo palabras todos os días para despois non as esquecer.
    Con todo, varios dos seus colegas tamén se mostraron interesados no novo idioma inventado polo Antonín e pediron ser incluídos na lista de correos.
    Naquela altura estaba aínda a traballar na conxugación dos verbos, porque non quería que fose moi complicada, mais asemade non a quería demasiado simple: no seu punto xusto.
    Mais como dicía, aquel día, pola primeira vez en tantos anos, non foi consultar o seu correo para ver se recibira unha mensaxe de "Aprenda unha nova palabra cada día".
    Naquel día, non.
    Naquel día foi procurar unha mensaxe da Sarah.
    E había unha.
    O seu corazón comezou a bater descontrolado.
    Por uns instantes, o Antonín tivo medo de que lle dese un ataque. El era un científico comedido, unha persoa cos ánimos temperados, non podía permitirse aqueles ataques emocionais, mais na verdade estaba a ter un bo ataque.
    Ai, se o vise a súa bisavoa…
    Ás carreiras, o Antonín comezou a ler a mensaxe: «ilik edt kltoouy-? 60u arr s0 c8t».
    Mudaría mesmo de lingua?
    Entón un novo pensamento acudiu á súa mente. Se cadra, non se trataba dunha lingua nova, xa que non había xeito nin de descifrala nin de catalogala; podía, máis ben, tratarse dunha clave.
    El non era especialista en claves, mais un dos seus compañeiros de estudos na universidades, o Ludvik si o era. Despois de rematar a carreira entrou a traballar para os servizos secretos.
    Tíñano polo mellor no seu campo. Fora capaz de descifrar mensaxes en clave escritos por un tipo tan bébedo que nin lembraba como se chamaba.
    – Ludvik, teño un traballo para ti… –ligou o Antonín–. Na realidade é un favor que che quero pedir.
    O Ludvik non se fixo rogar.
    Media hora despois estaba no cuarto do Antonín na residencia.
    Entrara pola xanela.
    Eran manías profesionais, para ninguén saber que el estaba alí.



5




    O Ludvik, despois de tomar un cafetiño, concentrouse no exame daquelas mensaxes.
    Pola primeira vez na súa vida, o Ludvik estaba perdido, non sabía por onde o coller.
    – E tes certeza de que estas mensaxes non están escritas nalgún idioma estraño? –insistiu o maior intérprete de textos en clave da Europa Oriental.
    – Totalmente –asegurou o Antonín.
    – Hei ser sincero contigo –confesou o Ludvik–, mais non teño idea do que pon aquí. Sonche incapaz de descifrar a clave. Se cadra, hai que pescudar máis sobre esa túa coñecida…
    Cando o Ludvik se referiu á Sarah, nas fazulas do Antonín medraron dúas manchiñas vermellas que daban claramente a entender que o Antonín tiña un interese persoal por aquela rapariga.
    – Ben, fagamos unha pequena pescuda –propuxo o Antonín–. Mais primeiro dime o que sabes dela.
    Na realidade, o Antonín sabía ben poucos datos persoais dela.
    Só falaran dos filmes, dos libros, das viaxes, dos amigos de cada un. Soubo por acaso que ela era mestra, mais pouco máis.
    Se cadra daba aulas de inglés, se é que realmente non era ese o seu idioma.
    Que enleo…
    No perfil social da Sarah non había información da cidade natal nin de case nada. De feito, ela era unha persoa ben reservada que case non ofrecía informacións de si.
    Por tanto, non se podía saber sequera cal era o seu país de orixe.
    Era complicado.
    E, de repente, a Sarah volveu facer uso dos seus poderes bruxos.
    Unha súa mensaxe xurdiu no batepapo, como se soubese que estaban a pensar nela:
    Novamente estaba en inglés e novamente era todo comprensíbel:
    «Hi, Antonín. How are you doing this morning?»
    Antonín lanzouse a responder. Contoulle o que tomara para o almorzo.
    O Ludvik observaba todo por riba do ombreiro do Antonín.
    Mentres o seu amigo estaba na conversa, el propúxolle:
    – E por que non lle preguntas directamente a ela en que lingua che escribe ou se realmente usa unha clave? Coido que é o sistema máis rápido e directo.
    – Tes razón –admitiu o Antonín–. Hei facelo así.
    E a seguir escribiu:
    «Please, tell me why when you send me emails I can't understand them. What language do you write them in?»
    E entón veu a resposta máis inesperada que podía agardar:
    «Because I write my emails to you from my laptop, whose keys are so small that I can't actually manage to write properly. Maybe my fingers are too big for it… But now I'm using my PC for chatting».
    Aí estaba todo o misterio.
    Escribía os emilios desde o portátil, que tiña as teclas ben pequenas, por iso os dedos non acertaban coas teclas. En troques, daquela estaba a usar o batepapo desde o seu computador persoal.
    Misterio resolto.
    O Ludvik deu unhas palmadiñas ao Antonín nas costas e despediuse, mais antes de saír, daquela xa pola porta, aínda lle dixo ao Antonín:
    O Antonín non o escoitou.
    De feito estaba a lle preguntar se realmente aquela foto do perfil indicaba que era unha bruxa, ao cal ela lle respondeu que non, que era un disfrace de Halouín.
    Con todo, o Antonín non estaba moi convencido da resposta, mais atopaba adorábel a verruga da barbadela.
    Naquel batepapo comezou unha bonita relación entre aquelas dúas persoas.
    Como consecuencia diso, o Antonín suspendeu un tempo a creación da súa lingua artificial.
    A Sarah mercou un portátil meirande co teclado en condicións, mais iso aínda non foi suficiente, porque ela seguía a escribir ben de présa e as mensaxes seguían a ser incomprensíbeis.
    Mais era mellor así: aquel galimatías lingüístico namoraba cada día máis a Antonín.

© Texto: Xavier Frías Conde, 2011