sábado, fevereiro 26, 2011

A porta burlona (2) [+12 anos].- Antonella Pozzobon


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    A porta da Antonela não fazia mais do que maquinar uma vingança. Não tinha sido por acaso que o dedo fosse sido esmagado, na realidada não aturava aquela senhora que a cada vez que voltava das compras, do trabalho, de dar um passeio, empurrava nela com força para poder tirá-la do seu sítio, sem carinho. Depois de tantos anos a sofrer o vento, o frio, a guardar os segredos da família, a impedir que qualquer um entrasse em casa, nunca ela tinha tido um gesto de carinho, nunca um detalhe. Por isso, a cada vez que ouvia o bater dos saltos dos sapatos (parecia mesmo que o fizesse propositadamente para enervá-la ainda mais), todos os parafusos, a manilha, os gonzos, punham-se doentes. Mas o homem dela não era assim, não; ele tratava-a amorosamente, limpava-a, vernizava-a, tirava-lhe brilho, não como aquela bruxa que apenas pensava em ir às compras!
    Mas antes daquele domingo de manhã não tinha tido a coragem de fazer o mal; porém, naquele dia finalmente ia realizar os seus desejos. Zas! Aquele dedo violeta, que parecia uma azeitona imensa, fazia-a sentir muito contente e satisfeita. Enquanto o via inchar-se, sentia-se tão bem, mas nem podia ter imaginado que a Antonela soubesse utilizar um desparafusador e agora, porém, ela estava lá, plantada no meio da rua, com os ares dos carros a lhe fazerem tremer, à mercê dos miúdos que lhe lançavam seixos e pedaços de papel para ver o que é que ela tinha dentro. Já era demasiado, tinha de reagir logo.
    O condutor tolo que a tinha confundido com a porta do estacionamento tinha, alías, perdido o telemóvel. Imaginam? Pois é, a porta marcou o número duma carpintaria e soube graças a um amigo portal que o marido da Antonela já a tinha substituído por uma porta nova, moderna, da última geração. Porém, o coitado do marido nem chegara a imaginar que a velha porta era um espião infiltrada em fábricas e negócios. Mercê ao portal conseguiu averiguar que a persiana da janela da cozinha era cúmplice deles e que estaria contente de poder vingá-la. A porte não perdeu tempo, ligou logo para a persiana e contou-lhe todo o seu sofrimento.
    A persiana não se fiz repetir a coisa duas vezes, também ela estava farta da Antonela, que a cada tarde batia nela sem cuidado para fechar a janela. Esperou por um momento em que soplasse muito vento e... zas! apanhou-lhe totalmente o polegar da mão direita!
    A Antonela quase desfaleceu por causa da dor e da surpresa, mas toda zangada apanhou um bom cajado e começou a bater na persiana... E a persiana quebrou em mil pedaços.
    No dia seguinte, o varredor da rua passou por diante da casa da Antonela, recolheu os troços de madeira, levou-os para casa e fez um bom lume com eles para se preparar um delicioso leitão com uma maçã na boca.
    E a velha porta? Ainda está lá, a tentar espantar os outros, a fingir que é a porta para outra dimensão... lástima que ninguém a acredite.



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    La porta di Antonella però meditava vendetta. Non era stato un caso che il dito fosse stato schiacciato, lei non sopportava più quella signora che ogni volta che tornava dalla spesa, dal lavoro, da una passeggiata la spingesse con forza per poterla spalancare, senza affetto. Dopo tutti quegli anni trascorsi al vento, al freddo, per riparare i segreti di famiglia, per impedire che qualcuno entrasse in casa, mai un gesto carino, mai una riconoscenza. E ogni volta che sentiva il rumore dei tacchetti delle scarpe (sembrava quasi che glielo facesse apposta per farla innervosire), tutti i cardini, gli spigoli, la maniglia si mettevano in subbuglio. Il marito no, lui no, lui la trattava con amore, la puliva, la verniciava, la lucidava, non come quella strega che pensava soltanto a fare shopping!
    Prima di quella domenica mattina però non aveva mai avuto il coraggio di farle del male, ma quel giorno finalmente aveva avuto la sua soddisfazione. Zac! Quel dito viola, che sembrava un’olivona, la riempiva di gioia e di allegria. Mentre lo vedeva gonfiare era felice, ma n on avrebbe mai immaginato che Antonella sapesse anche usare un cacciavite...e ora invece se ne stava lì, impiombata in mezzo alla strada, con il vento delle macchine che la faceva sussultare, alla mercè dei ragazzini che le gettavano cartacce o le tiravano calcioni per vedere cosa c’era dietro. Era troppo, doveva fare qualcosa.
    Il camionista pazzo che l’aveva scambiata per la porta di un parcheggio aveva perso stranamente il cellulare. Idea!!! La porta fece il numero del centro serramenti e venne a sapere da un amico portone che il marito di Antonella l’aveva già sostituita con una porta tutta nuova, moderna, di ultima generazione. Il marito tapino però non sapeva che la vecchia porta era una spia, infiltrata dentro fabbriche e negozi. Dal portone venne infatti a sapere che la persiana della finestra della cucina era una loro complice e che sarebbe stata felice di poterla vendicare. La porta non perse tempo, chiamò subito la persiana e le raccontò tutto il suo dolore.
    La persiana non se lo fece ripetere due volte, anche lei ce l’aveva con Antonella, che ogni sera la sbatteva senza grazia per chiudere la finestra. Aspettò che tirasse un vento forte e....zac! prese in pieno il pollicione della mano destra!
    Antonella quasi svenne dal dolore e dalla sorpresa, ma la rabbia per il nuovo inconveniente la fece afferrare un bel bastone e pumpete pumpete....la persiana andò in mile pezzi.
    La mattina dopo lo spazzino passò davanti alla casa di Antonella, raccolse gli stecchi di legno, li portò a casa sua ed accese un focherello per cucinare un bell’arrosto: un pingue maialino con la mela in bocca.
    E la vecchia porta? Sta ancora lì, a cercare di spaventare gli altri facendo finta di di essere la porta per un’altra dimensione...peccato che nessuno le creda.

© Texto: Antonella Pozzobon, 2011
© Tradução: Xavier Frías Conde, 2011
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segunda-feira, fevereiro 21, 2011

A porta burlona (1) [+12 anos].- XFC

À Antonella e ao seu dedo
A Antonella e al suo dito
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    A Antonela abriu a porta da casa. Vinha de fazer as compras no supermercado. Vinha toda carregada com a merluça de dois quilos, um alface grande como uma roda de camião, seis quilos de laranjas e um robô de companhia que estava de promoção.
    Estava para entrar na cozinha, quando, de repente, por alguma razão inexplicável, a porta da cozinha reagiu sozinha e esmagou um dedo da Antonela. Parecia que a porta tivesse vida própria.
    A Antonela sentiu uma dor aguda e logo largou um berro:
    "Uauuuuuuuuuuuuuuu"
    Os saquinhos de plástico cairam para o chão, mas como a merluça e o alface ficavam no fundo, funcionaram como um colchão.
    A Antonela correu para a casa do banho. Precisava pôr o seu dedo em água fria. Que dor, mãizinha. Aos poucos, o dedo começava a tomar uma cor violeta bastante feia.
    Voltou para a cozinha. Olhou para a porta. Não queria pensar que fosse a sua imaginação, mas parecia que a porta estivesse a rir..
    A Antonela pensou que, se calhar, deveria prestar mais atenção. Poderia acontecer que a porta reagisse violentamente. Mas a ação anterior pedia vingança, sim, vingança. A Antonela queria castigar a porta pelo seu comportamento.
    A porta começou a abalar, como se quiser provocá-la. Aquilo já era demasiado. A Antonela apanhou um desparafusador e foi para a porta com a intenção de a desmontar.
    Mas justo naquele preciso momento a porta do apartamento abriu violentamente. Um grupo de polícias de assalto irrompeu no apartamento. O chefe, todo vestido de preto, disse:
    "Senhora, está arrestada por atacar uma inocente porta de cozinha".
    A Antonela nem podia acreditar. O polícia lhe pôs as algemas e levou-a embora.
    E quando já estavam para saír, ela acordou. Tudo tinha sido um pesadelo, um maldito pesadelo.
    A Antonela levantou-se. Foi para a cozinha. Lá estava a porta dos seus sonhos. Mas, de repente, a porta começou a abalar e soou um riso misterioso. A Antonela não tinha qualquer dúvida. Tudo tinha sido um sonho premonitório.
    Sem dizer uma palavra, pegou no desparafusador...



* * *


    Uma hora depois, a porta da cozinha da Antonela estava colocado sobre um passo de peões no outro extremo da cidade. Estava aberta mais tinha acima um cartaz que dizia:
    «Sou a porta para outra dimensão. Atravessa-me se tiveres coragem».
    Mas a porta ficou lá apenas até que um condutor curto de vista a confundiu com a entrada a um estacionamento.


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    Antonella aprì la porta di casa. Veniva dal fare la spesa al supermercato. Era caricatissima con un merluzzo di due chili, una lattuga grande come una ruota di camion, sei chili di arancie e un robot di compagnia che era in offerta.
    Stava per entrare in cucina quando, all'improvviso, per qualche strana ragione, la porta della cucina si mosse da sola e schiacciò quel dito di Antonella. Sembrava come se la porta avesse vita propria.
    Antonella sentì un dolore acuto e addiritura urlò:
    "Uauuuuuuuuuuuuuuu"
    Le borse caddero sul pavimento, ma siccome il merluzzo e la lattuga erano in fondo, feceron il matterasso.
    Antonella corse in bagno per mettere il dito nell’acqua fredda. Che dolore, mamma mia. Pian piano, il dito cominciava a prendere un colore viola abbastanza brutto.
    Tornò in cucina. Guardò la porta. Non voleva pensare che era la sua immaginazione, ma sembrava che la porta ridesse.
    Antonella pensò che forse dovrebbe stare un po' attenta. Chissà se la porta potrebbe avere reazioni violente. Ma quell'atto domandava vendetta, sì, vendetta, Antonella voleva punire la porta per il suo atteggiamento. 
    La porta cominciò a dondolare, come se volesse provocarla. Quello già era troppo. Antonella prese un cacciavite e andò verso la porta pronta a smontarla.
    Ma in quel momento la porta dell'appartamento si aprì violentamente. Un gruppo di poliziotti fece irruzione nell'appartamento. Il capo, tutto vestito in nero, disse:
    "Signora, lei è in arresto per tantato attacco a un'innocente porta di cucina". Antonella non ci poteva credere. Il poliziotto l'ammanettò e se la portò via.
    E proprio quando stava per uscire, si svegliò. Tutto era stato un incubo, un maladetto incubo.
    Antonella si alzò. Andò in cucina. Là stava la porta dei suoi sogni. Però, all'improviso, la porta cominciò a dondolare e suonò un riso misterioso. Antonella non aveva nessun dubbio. Tutto era stato un sogno premonitore. 
    Senza dire una parola, pigliò il cacciavite...
    

* * *




    Un'ora dopo la porta della cucina di Antonella era all'entrata di un passo pedonale nell'altro estremo della città. Era aperta ma sopra c'era un cartello che diceva:

    «Sono la porta per un'altra dimensione. Attraversami se ne hai il coraggio».
    Ma la porta rimase lì finché un autista miope la scambiò per l'entrata di un parcheggio.


© Texto: Xavier Frías Conde, 2011
Correzioni italiane: Marco Lodde

terça-feira, fevereiro 15, 2011

O valor do pequeno [+8 anos].- XFC



– Mico, ven, que está aquí doña Crisanta, que quer verte… –dixo a mai.

Mico ficou de pedra. Dona Crisanta, a paisana máis pesada do mundo, a muller máis faladora que era quen de estar de parola sen tema durante máis de tres horas e media.

Mico, todo obediente, foi para o salón. Alí estaba dona Crisanta sentada, a ocupar dous sitios e medio do sofá, co saio de peles –coitados bechos, matalos así, ao fato, para nada…–, cunha copiña de anís entre os dedos enormes, que nin se vía a copiña, cos fociños pintados como se fosen pneumáticos vermellos. 

E claro, o chucho caeulle ao coitado Mico na fazula e deixoulle unha marca colorada que podía ficar alí polos séculos dos séculos, todo unha desgraza.

– Que tal, Mico, algunha novidade? –inquiriu dona Crisanta.

Mico ía mexer a cabeza á dereita e á esquerda para negar, mais o pai adiantóuselle e dixo:

– Pois é, mercamos un cadeliño ben lindo, un chihuahua. Anda vai por el, Mico.

Nico non tiña vontade de ir buscalo, mais foi. Tróuxoo e mostroullo a dona Crisanta.

Mais dona Crisanta debía ter un día de cans –precisamente–, porque puxo cara de noxo e berrou:

– Oi, que cousa tan pequena! Se até parece unha ratiña!

A Mico aquilo non lle prestou. O seu canciño era ben lindo. Como podía aquela señora largar tantas baballadas todas xuntas?

Mais o chihuahua pareceu comprender as palabras da paisana. Por iso, saltou desde as mans do Mico e escoou por unha orella de dona Crisanta. Entroulle até o cérebro, mentres dona Crisanta ría porque o can lle facía cóxegas. E entre tantos risos, o chihuahua saíu da cabeza pola outra orella, tan contento, para volver a saltar ás mans do Mico.

Dona Cristanta seguiu a sorrir. Estaba estrañamente leda. Ergueu a súa mole de corpo e marchou para a súa casa sen se despedir.

Desde aquel día, sóubose que dona Crisanta abandonou o seu costume de ir de casa en casa incomodando o persoal e decidiu dedicarse a domear morsas no acuario do zoo. E todo iso grazas a un estraño paseo do chihuhua do Mico polo cérebro daquela muller. Por iso, cada vez que vén unha visita, teñen que agarrar o chihuahua para que non escoe polas orellas das visitas, mais, quen sabe… 


© Texto: Xavier Frías Conde, 2011




Por que engorda o computador? [+12 anos].- XFC


Aquel día comecei a notar que o meu computador estaba cada día máis gordecho. Como era posíbel? A ver, engordar apenas engordan os seres vivos. O meu computador é unha cousa intelixente, mais vivo-vivo, non. Aquilo formulábase como un misterio, mais había confirmalo.
Ao longo dunha semana, despois de fechar a sesión, medía o computador arredor da torre. Non cabía dúbida, cada día gañaba entre un centímetro e un centímetro e medio, o cal é unha barbaridade, porque en calquera momento ía estourar.
Eu non o alimentaba e, ao meu ver, a corrente non podía engordalo. Que eu saiba, nin a tevé, nin o frigo nin o lavalouzas engordan aínda que estean ligados permanentemente á corrente.
Mais aquel enigma desvelou un día. Foi precisamente nun día en que recibín máis espam do habitual. Daquela chegáranme até cento sesenta mensaxes.
Loxicamente fun apagando unha tras outra, mentres me lamentaba do caro que me saía o antivirus con antiespam que non era quen de me deter toda aquela porqueira.
Mais cando os di apagado todos, aconteceu "aquilo". Aconteceu que o computador arrotou. Mais non arrotou de calquera maneira, arrotou sonoramente. Eu abraiei, mais axiña comprendín o que alí acontecía.
Aquel aparello tiña un antivirus instalado que non apagaba nada, ao invés, metabolizaba o espam e facía engordar o computador.
Pensei en me desfacer del, mais, pola outra banda, deume mágoa cando, unha volta desligado, comecei a sentilo respirar como un cativiño que agarra amodiño o sono e fai ruidiños…
Por iso, cubrino, dinlle un chuchiño de boas noites e fun eu tamén para a cama. 

© Texto: Xavier Frías Conde, 2011

O día de anos máis xenial [+8 anos].- XFC



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 Mamá, mamá, canto falta para o meu día de anos?
 Pouco xa, meu fillo, pouco.
Un día despois:
     Mamá, mamá, canto falta para o meu día de anos?
 Pouco xa, meu fillo, pouco.
    Un día máis tarde:
     Mamá, mamá, canto falta para o meu día de anos?
 Pouco xa, meu fillo, pouco.
    Outro día despois:
     Mamá, mamá, canto falta para o meu día de anos?
 Pouco xa, meu fillo, pouco.
    A nai estaba xa fartiña. Que obsesión co aniversario. O aniversario era unha trangallada, ela non o celebraba nunca. Tería que aprenderllo a Gabriel, o fillo, quen, xa con seis anos, vivía aquilo cunha intensidade ridícula.
 Mamá, mamá, canto falta para o meu día de anos?
 Pouco xa, meu fillo, pouco. Éche no 34 de xuño. Díllelo a todos os teus amigos…
 Está ben.
E chegou o 3 de xuño. O neno recibiu agasallos de todos os seus amigos e compañeiros do infantario.
Súa nai non o podía crer.
Mais creuno aínda menos cando, no día seguinte, o Gabriel recibiu outra vez os mesmos agasallos, na mesma cantidade e da mesma xente.
 Como é posíbel? preguntouse a nai.
Mais todo ten unha explicación. O Gabriel aínda non controlaba como escribir números de dúas cifras, aínda que si sabía enviar emilios polo computador. Por iso, escribiu aos seus amigos que o seu día de anos era o treinta e catro de xuño como «o tres catro de xuño». E os seus amigos, tan xeniais coma el, pensaron que o aniversario do Gabriel duraba dous días.
Que sorte, non?

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"Mum, mum, how many days are left for my birthday?"
"Not too much, son, not too much".
  One day later:
  "Mum, mum, how many days are left for my birthday?"
  "Not too much, son, not too much".
  One more day later:
"Mum, mum, how many days are left for my birthday?"
  "Not too much, son, not too much".
  Still one more day later:
"Mum, mum, how many days are left for my birthday?"
"Not too much, son, not too much".
The mother was fed up. What an obsession with the birthday. Birthdays are nonsense; she never celebrated it. She ought to make his son Gabriel understand it, who already at the age of six lived that experience very intensively.
  "Mum, mum, how many days are left for my birthday?"
  "Not too much, son, not too much. It'll be on 34th June, so you can say it to all your classmates".
"Fine".
  And on 3rd June, the child got presents from all his friends and classmates from the kindergarten.
Her mother could not believe her eyes.
But she was even more astonished when, on the next day, Gabril got the same presents, in the same quantity, from the same people again.
  "How come?", wondered the mother.
But everything can be explained. Gabriel didn't really control how to write numbers containing two figures, but he did know how to write and send emails. That is why he send a message to his friends where instead of saying that his birthday was on the thirty fourth of June, he actually wrote it was on «the third fourth of June». So his friends, as amazing as him, thought that Gabriel's birthday lasted two days.
How lucky, isn't he?



© Texto: Xavier Frías Conde, 2011

Recontando [+10 anos].- XFC


        «Érase unha vez un can que se pasaba as noites a ladrar.
        » Tanto ladrido non facía outro que incomodar os veciños.
        » Falaron co propietario do can para facelo calar, mais non había xeito.
        » O can seguía e seguía a ladrar todas as noites, tamén nas fins de semana.
        » Ninguén no barrio conseguía facelo calar.
        » A xente, desesperada, quixo unha noite asaltar a casa do amo do can e taparlle o fociño ao animal.
        » Mais entón chegou dona Margarida Fernández de Andrade López da Ribeira, que era experta en cans, díxolles a todos os veciños alporizados:
        » – O que este can precisa é que lle demostren que o queren.
        » E desde ese momento, todos os veciños, en quendas de dous, dedicáronse a acariñar o can un anaco antes de iren durmir, de maneira que o can non volveu a ladrar máis de noite.»

       Dona Leticia Filomena da Rúa, mestra de profesión e amante dos contos, quedou toda satisfeita con aquela historia que viña de compor.
       Decidiu que a daría a ler aos seus estudantes aquela mesma mañá para despois eles escribiren unha composición sobre ela e, se cadraba, crearen unha obra de teatro baseada no seu magnífico conto, porque, segundo ela, era magnífico.
       Sempre daba os seus propios materiais aos estudantes.
       Para iso, despois de os compor, quitaba pola impresora tantas copias cantos estudantes tiña. 
       E levaba o paquetiño para a sala de aula.
       Aquel día non foi unha excepción.
       Deixou o computador aberto no seu estudio e foi tomar o café na cociña.
       O recendo do café chegáballe desde o outro extremo da casa, de maneira que non ía poder negarse a ir tomalo… Adoraba o café!
       Desde a cociña sentiu o fillo, Luís Alfredo, a argallar por algures na casa.
       – Luis Alfredo, estás xa preparado? –chamou a nai polo fillo coa cunca de café entre as mans.
       – Un momento, que ando aquí a preparar unhas cousas para a escola.
       Que fillo tan curriño tiña dona Leticia Filomena da Rúa.
       Cando acabou de tomar o café, volveu ao seu estudio.
       Sen máis, premeu a tecla de imprimir.
       Vinte e dúas copias, tantas como estudantes tiña e mais unha para si.
       A impresora comezou a cuspir as copias.
       Cando estiveron todas preparadas, dona Leticia Filomena da Rúa meteu as copias no cartafol, recolleu o fillo e todos –nai, fillo e as vinte e dúas copias– encamiñáronse para a escola ben cedo.  
       Dona Leticia Filomena repartiu o conto entre os seus estudantes.
       No inicio, todos leron con pouco interese.
       Cómpre dicir que as historias da mestra lles eran algo tediosas, aborrecían con elas, sempre eran tan boíños todos…
       Porén, en chegando ao final, comezaron a sentirse gargalladas pola sala de aulas.
       Dona Leticia Filomena non se esperaba aquilo.
       Aquela súa historia estaba a ter un éxito inesperado.
       Estaba emocionado, aínda que non entendía moi ben por que, dado que ela escribira como sempre facía e, por norma, non acostumaba incluír cuestións de humor nos seus escritos.
       Porén, todo quedou esclarecido cando releu a súa historia. O inicio e o medio eran iguais, mais o final, non… 

       «Érase unha vez un can que se pasaba as noites a ladrar.
       » Tanto ladrido non facía outro que incomodar os veciños.
       » Falaron co propietario do can para facelo calar, mais non había xeito.
       » O can seguía e seguía a ladrar todas as noites, tamén nas fins de semana.
       » Ninguén no barrio conseguía facelo calar.
       » A xente, desesperada, quixo unha noite asaltar a casa do amo do can e taparlle o fociño ao animal.
       » Mais entón chegou o veciño rockeiro do cuarto andar, que era experto en sons a todo volume, díxolles a todos os veciños alporizados:
       » – O que este can precisa é que lle aprendan a ladrar rock.
       » E desde ese momento, o veciño rockeiro dedicouse a lle aprender ao can a ladrar acompañado da guitarra eléctrica. E como os ensaios eran tan duros de día, de noite durmía como un santiño.
       » Iso si, o can acabou publicando un disco de ladrorrock con moito suceso entre cans e donos de cans.»

       Dona Leticia Filomena non daba creto.
       Ela non escribira aquel final do conto!
       Aquel estraño evento precisaba dunha pescuda.
       Por iso, cando volveu á casa, comezou a pescudar o que acontecera.
       Repasou mentalmente todo o que acontecera desde que acabara de escribir o conto até que o imprimiu.
       Era un lapso de só dez minutos, incluído o tempo que estivera na cociña a tomar café.
       Rañou a cabeza até case lle saír fume.
       A ver, quen estaba na casa, ademais dela, durante aquel momento?
       Claro, o fillo, o Luis Alfredo!
      Debía ter sido el, quen se non? Non entrara máis ninguén na casa, a menos que se tratase dunha pantasma, cousa que sabía que podía acontecer, porque os espíritos son mesmo capaces de escribir ao computador.
       Mais non, o máis probábel é que se tratase do Luis Alfredo.
       Atopou o fillo a facer os deberes no seu cuarto, mentres comía unha sande de queixo con marmelo e ouvía música cos audífonos.
       – Luis Alfredo –comezou a dicir a nai–, quero que me digas a verdade: fuches ti quen mudou o final do meu conto?
       Mais Luis Alfredo só cantuxaba algo en inglés, ou algo parecido ao inglés, que era o que escoitaba polos audífonos.
       A nai houbo retirarlle os audífonos e repetirlle a pregunta.
       E Luis Alfredo, sen se inmutar, respondeu:
       – Claro, mamá, porque es moi antiga ti con iso dos contos. Tes boas ideas, mais non sabes como as acabar. Os teus estudantes están fartiños, que o sei eu. Por iso, para che axudar, hoxe quixen darche unha man. E dime logo, resultou?
       Claro que resultara.
       Dona Leticia Filomena tivo vontade de castigar o fillo, mais comprendeu axiña que grazas a el triunfara na escola.
       Como era unha boa mestra, houbo recoñecer que se traballaba mellor entre dous.
       Por iso, desde aquel día, dona Leticia Filomena marchaba dez minutos a tomar o café á cociña e, entrementres, o fillo escoaba no estudio dela e, despois de ler o conto iniciado, púñalle el o final que lle cadrase sentado diante do computador.
       E colorín colorado, este conto non está acabado, porque disque houbo acusacións de plaxio da parte do veciño do ático, escritor frustrado que, sonámbulo, escribía as súas historias no corredor comunitario. 
       Mais esa, meus amigos, évos outra historia…

© Texto: Xavier Frías Conde, 2011