segunda-feira, março 23, 2020

OS VIZINHOS DO 1ºD

Resultat d'imatges per a "quarantine"
Dia 1: Acabamos de entrar em quarentena pelo Covid-19. Os vizinhos agem como se não dessem pela televisão. Vão e vêm para se visitarem felizes. Nunca apreenderam a falar, sempre gritam. Batem-se entre eles. Parece como se lutassem pela comida. Não sei o que pensar.
Dia 2: Chegam os filhos, vão embora os filhos, voltam os filhos. Tenho a tentação de ligar para a polícia e informar que eles não respeitam o confinamento. Ouço os cães, ignoro se falam com eles ou se se batem com eles.

Dia 3: Enquanto a população toda continua confinada, os vizinhos mantêm a sua vida ordinária. A minha esposa sai à rua para fazer compras e diz que viu os vizinhos, mas levavam máscaras... Para quê? Pergunto-me eu.
Dia 4: Os vizinhos não mudam o seu comportamento.
Dia 5: São as cinco da madrugada. Despertam-me uns barulhos terríveis no corredor. É o exército que entra. Derrubam a porta da casa dos vizinhos. Após duas horas, todos quanto entraram, não saíram. Tudo é silêncio.
Dia 6: Debruço-me ao corredor. A porta da habitação dos vizinhos é fechada. O silêncio dura até à serão. Depois, vêm mais filhos e fazem os barulhos habituais.
Dia 7: Há polícias e militares na rua, mas não ousam subir. Os vizinhos continuam com as suas disputas. Debruço-me à janela e vejo como lançam cadáveres. Há gritos de terror na rua. Retiram os corpos. Todos vão embora. Os vizinhos têm mais festa.
Dia 8: Toda a noite despertos por causa dos vizinhos. De repente entram sem aviso as forças de assalto. É um escândalo sem precedentes. Os vizinhos parece que controlam os assaltantes. Silêncio durante umas horas.
Dia 9: Creio que vamos morrer todos. Estou no chão a escrever estas últimas linhas no telemóvel. Parece ser que os vizinhos controlam o coronavirus à vontade. Fartos dos ataques, usaram-nos contra o resto da população.
NOTA FINAL DO DR. LIEGER: Após ler este diário dum vizinho dos moradores do 1ºD, acho que o controlo que eles obtiveram do coronavírus foi possível graças ao facto de eles serem os últimos australopitecos vivos e serem imunes a vírus como o Covid-19. Daí a sua capacidade de supervivência primeiro e de controlo do vírus depois. Mágoa não termos descoberto dantes que eram a derrdeira tribo de australopitecos a morarem entre nós. Infelizmente, a única hipótese para os seres humanos sobreviverem é desevoluírem para austrolopitecos. Porém, já agora estamos todos, absolutamente todos, contagiados. Por agora, já tirei a minha roupa e preparo-me a caminhar com o apoio das mãos, como os moradores do 1ºD. Eles hão de nos mostrar o caminho.

© Frantz Ferentz, 2020

Sem comentários: