O Argimiro caminhava tranquilamente pela rua.
Ia um dia lindo.
Ele olhava para o céu.
Mesmo de dia, via-se perfeitamente a lua, lá acima.
Era tão redonda, tão brilhante, tão apetitosa...
Ao Argimiro a boca fez-se-lhe água.
Mas o menino ia tão concentrado na observação da lua que nem viu o vagabundo que estava sentado no passeio, com as pernas escarranchadas pelo chão.
O Argimiro tropeçou nas pernas do homem e caiu para o chão.
"Á, rapaz, olha por onde é que vais!", disse de mau humor o homem.
"Desculpe... eu... é que...". O Argimiro nem pôde dizer nada coerente.
O vagubundo, todo chateado, lançou-lhe uma maldição:
"Que o que sonhavas se torne real!"
Mas o que é que realmente sonhava o Argimiro?
Bom, ele sonhava com uma bolacha gigante.
Uma bolacha com forma humana, quase tão grande como a lua.
Seria doce, cheia de proteínas -a sua mãe sempre lhe dizia que o que se toma para o pequeno-almoço tem que ter muita proteína porque é algo bom para o crescimento- e de gengibre.
Ele seonhava que a bolacha imensa de que gostaria fosse tão grande como a lua.
Mas mesmo uma maldição tem as suas limitações. Não podia ser.
Por isso, quando o Argimiro chegou a sua casa, encontrou o seu sonho feito realidade.
Ele morava numa casinha com um jardim cheio de vegetação.
Lá no meio do jardim havia uma bolacha com forma mais ou menos humana, sentada a olhar para as pereiras e as macieiras do jardim.
O Argimiro comprendeu logo que aquela bolacha tão grande -desde os pés até à cabeça devia medir pelo menos três andares.
E como era o seu desejo convertido em realidade, entrou no jardim e acostou-se para a bolacha gigante.
Desprendia um aroma delicioso.
A boca do Argimiro era já uma piscina.
Já estava para dar uma mordida na bolacha, quando ela compreendeu quais eram as intenções do garoto.
Rapidamente alçou-se, saltou o valado e foi para a rua.
Começou a correr pela rua a toda a velocidade, a qual não era pouca porque as suas pernas eram muito compridas.
Mas era tudo um desastre.
A bolacha corria por cima de carros, casas, árvores... Esmagava tudo.
Em poucas horas podia ter destruído meia cidade.
Mas o pior não foi a corrida, o pior foi que a bolacha gigante, por causa de tanto correr, começou a sentir fome.
Embora as suas mãos não tivessem dedos, a bolacha gigante começou a comer tudo o que aparecia perante ela: árvores, casas, carros, contentores, cães... um desastre.
As pessoas corriam todas, ninguém queria ficar ao alcance da bolacha gigante que ameaçava com destruir toda a cidade.
O Argimiro corria trás dela como podia.
Ele sentia-se culpável do que estava a acontecer.
Tinha que encontrar uma solução.
Mas qual?
Então ouviu ao seu lado umas vozes.
Tratava-se de umas vozes muito conhecidas.
Eram vários dos seus colegas da escola que contemplavam aquela bolacha gigante com os olhos muito abertos.
Nem podiam acreditar no que viam.
O pior é que a bolacha crescia e crescia graças a tudo o que comia. Já media pelos menos cinco andares.
O Argimiro nem se tinha dado conta que estava ao lado da sua escola, onde ainda muitos estudantes estavam a realizar atividades desportivas.
Sem pensá-lo duas vezes, o Argimiro correu para o gabinete do diretor.
Felizmente, o diretor tinha saído para a casa do banho, onde costumava passar bastante tempo, porque cada vez que ia lá lia dois ou três capítulos de um manual educativo em dez volumes.
O Argimiro apanhou o microfone da mesa do gabinete e começou a falar para os seus companheiros:
"Estudantes, venham comigo! Já viram esse monstro que está a esmagar a cidade, não é? Mas não tenham medo, porque ele está feito de bolacha! Garanto-vos que vão gostar dela!"
Todos os estudantes que estavam na escola sairam a toda a velocidade para a rua.
Em poucos minutos alcançaram o monstro de bolacha, que na altura estava a tentar comer uma carrinha de gelados.
O Argimiro ainda encoragou os seus colegas e todos eles, mais de cinquenta, lançaram-se às pernas da bolacha gigante.
Deram mordidas por toda a parte.
Aos poucos, as pernas do gigante estavam desfeitas.
E caiu.
Brooomm.
O estrondo foi enorme.
Mas como já estava a bolacha gigante no chão, os garotos lançaram-se sobre ela e começaram a comer por toda a parte.
Mesmo alguns cans e gatos vagabundos uniram-se à festa.
Em meia hora, da imensa bolacha não ficavam mais que umas migalhas pelo passeio.
A cidade estava salva.
O Argimiro, já muito tranquilo, voltou para casa.
Na altura ia pensando nas suas coisas, olhando para o céu, novamente para a lua, tão brilhante, tão linda...
E então...
Puum!
Tropeçou novamente com o vagabundo de antes, o que lhe tinha lançado a maldição.
Disse:
"Que se cumpram outra vez os teus sonhos até que apreendas a caminhar pela rua!"
E justo nesse momento, começou a chover água com savão acima do vagabundo, como um duche.
Porque, precisamente, o que vinha pensando o Argimiro era que aquele vagabundo bem precisava de um bom duche com savão, porque embora fosse um bruxo, fedia muito mal.
Mas o que aconteceu depois, já é outra história que vos contarei noutra ocasião.
Até breve.
Ia um dia lindo.
Ele olhava para o céu.
Mesmo de dia, via-se perfeitamente a lua, lá acima.
Era tão redonda, tão brilhante, tão apetitosa...
Ao Argimiro a boca fez-se-lhe água.
Mas o menino ia tão concentrado na observação da lua que nem viu o vagabundo que estava sentado no passeio, com as pernas escarranchadas pelo chão.
O Argimiro tropeçou nas pernas do homem e caiu para o chão.
"Á, rapaz, olha por onde é que vais!", disse de mau humor o homem.
"Desculpe... eu... é que...". O Argimiro nem pôde dizer nada coerente.
O vagubundo, todo chateado, lançou-lhe uma maldição:
"Que o que sonhavas se torne real!"
Mas o que é que realmente sonhava o Argimiro?
Bom, ele sonhava com uma bolacha gigante.
Uma bolacha com forma humana, quase tão grande como a lua.
Seria doce, cheia de proteínas -a sua mãe sempre lhe dizia que o que se toma para o pequeno-almoço tem que ter muita proteína porque é algo bom para o crescimento- e de gengibre.
Ele seonhava que a bolacha imensa de que gostaria fosse tão grande como a lua.
Mas mesmo uma maldição tem as suas limitações. Não podia ser.
Por isso, quando o Argimiro chegou a sua casa, encontrou o seu sonho feito realidade.
Ele morava numa casinha com um jardim cheio de vegetação.
Lá no meio do jardim havia uma bolacha com forma mais ou menos humana, sentada a olhar para as pereiras e as macieiras do jardim.
O Argimiro comprendeu logo que aquela bolacha tão grande -desde os pés até à cabeça devia medir pelo menos três andares.
E como era o seu desejo convertido em realidade, entrou no jardim e acostou-se para a bolacha gigante.
Desprendia um aroma delicioso.
A boca do Argimiro era já uma piscina.
Já estava para dar uma mordida na bolacha, quando ela compreendeu quais eram as intenções do garoto.
Rapidamente alçou-se, saltou o valado e foi para a rua.
Começou a correr pela rua a toda a velocidade, a qual não era pouca porque as suas pernas eram muito compridas.
Mas era tudo um desastre.
A bolacha corria por cima de carros, casas, árvores... Esmagava tudo.
Em poucas horas podia ter destruído meia cidade.
Mas o pior não foi a corrida, o pior foi que a bolacha gigante, por causa de tanto correr, começou a sentir fome.
Embora as suas mãos não tivessem dedos, a bolacha gigante começou a comer tudo o que aparecia perante ela: árvores, casas, carros, contentores, cães... um desastre.
As pessoas corriam todas, ninguém queria ficar ao alcance da bolacha gigante que ameaçava com destruir toda a cidade.
O Argimiro corria trás dela como podia.
Ele sentia-se culpável do que estava a acontecer.
Tinha que encontrar uma solução.
Mas qual?
Então ouviu ao seu lado umas vozes.
Tratava-se de umas vozes muito conhecidas.
Eram vários dos seus colegas da escola que contemplavam aquela bolacha gigante com os olhos muito abertos.
Nem podiam acreditar no que viam.
O pior é que a bolacha crescia e crescia graças a tudo o que comia. Já media pelos menos cinco andares.
O Argimiro nem se tinha dado conta que estava ao lado da sua escola, onde ainda muitos estudantes estavam a realizar atividades desportivas.
Sem pensá-lo duas vezes, o Argimiro correu para o gabinete do diretor.
Felizmente, o diretor tinha saído para a casa do banho, onde costumava passar bastante tempo, porque cada vez que ia lá lia dois ou três capítulos de um manual educativo em dez volumes.
O Argimiro apanhou o microfone da mesa do gabinete e começou a falar para os seus companheiros:
"Estudantes, venham comigo! Já viram esse monstro que está a esmagar a cidade, não é? Mas não tenham medo, porque ele está feito de bolacha! Garanto-vos que vão gostar dela!"
Todos os estudantes que estavam na escola sairam a toda a velocidade para a rua.
Em poucos minutos alcançaram o monstro de bolacha, que na altura estava a tentar comer uma carrinha de gelados.
O Argimiro ainda encoragou os seus colegas e todos eles, mais de cinquenta, lançaram-se às pernas da bolacha gigante.
Deram mordidas por toda a parte.
Aos poucos, as pernas do gigante estavam desfeitas.
E caiu.
Brooomm.
O estrondo foi enorme.
Mas como já estava a bolacha gigante no chão, os garotos lançaram-se sobre ela e começaram a comer por toda a parte.
Mesmo alguns cans e gatos vagabundos uniram-se à festa.
Em meia hora, da imensa bolacha não ficavam mais que umas migalhas pelo passeio.
A cidade estava salva.
O Argimiro, já muito tranquilo, voltou para casa.
Na altura ia pensando nas suas coisas, olhando para o céu, novamente para a lua, tão brilhante, tão linda...
E então...
Puum!
Tropeçou novamente com o vagabundo de antes, o que lhe tinha lançado a maldição.
Disse:
"Que se cumpram outra vez os teus sonhos até que apreendas a caminhar pela rua!"
E justo nesse momento, começou a chover água com savão acima do vagabundo, como um duche.
Porque, precisamente, o que vinha pensando o Argimiro era que aquele vagabundo bem precisava de um bom duche com savão, porque embora fosse um bruxo, fedia muito mal.
Mas o que aconteceu depois, já é outra história que vos contarei noutra ocasião.
Até breve.
© Xavier Frías Conde
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