domingo, dezembro 05, 2010

A terapia anti-estrés | A terapia anti-estresse [+12 anos].- XFC

=================================(GL)=============================
    Epifanio d'Aula acudiu ao doutor cun ataque de estrés como poucas veces se tiña visto.
    O coitado del estaba teso como un casqueiro.
    O doutor batía nas costas do home cun martelo e aquilo soaba como se fose realmente de madeira.
    Os ombros tíñaos tesos, era incapaz de movelos.
    O doutor preguntou:
    – E entón, en que traballa o señor para estar tan estresado? Nunca tal vin, para lle ser sincero.
    Epifanio d'Aula virouse facendo un estraño movemento cos pés para ficar de fronte ao doutor. Despois díxolle:
    – Verá, doutor, eu sonlle rexistrador de aves do concello.
    O doutor, nin remotamente, podía imaxinar que tal profesión existise.
    – Cónteme, logo –pediu o doutor a Epifanio d'Aula.
    – Verá, como o concello anda escaso de orzamento, eu estou só para levar o rexistro de todas as aves de máis de cincuenta gramos do concello. Por sorte, os pardais e outros paxaros non contan, mais as pombas si. Hai vinte anos, só había pombas como aves de máis de cincuenta gramos, mais arestora hai ademais gaivotas, cormoráns, papagaios, cotorras e outros. O problema é que eu debo perseguilas por toda a cidade, pórlles un anel de control, anotar o rexistro e colocarlles un chip. E cos meus anos, xa non podo con isto, porque cada vez hai máis paxaros e o concello non quer contratar máis ninguén para me axudar con este traballo.
    O doutor comprendía a gravidade do asunto.
    – Señor d'Aula, heille dar unha licenza médica. O señor non pode continuar así.
    – Mais, doutor, se eu non rexistro as aves, isto será un caos!
    – Pode ser, mais é responsabilidade do rexedor. O señor está moi doente. Nunca vin un caso de estrés como o seu, que cause tal rixidez. Heille dicir que cando o seu estrés madurece, sáenlle unha especie de froitos polas orellas. Teño a sospeita de que o seu estrés dá froitos, un caso excepcional.
    – Daquela, é grave, doutor?
    – Gravísimo.
    – Ténlleme algunha solución?
    – Téñolla. Voulle receitar unha viaxe a Alaska.
    – A Alaska? Mais alí vai unha viruxe que conxela até os pensamentos.
    – Precisamente. Vai ficar alí tres semanas. Nin unha máis. Vexa os pingüíns, os osos polares, os leóns mariños, as baleas e os botarates.
    – Os botarates?
    – Serán os bocartes.
    Xa dito, xa feito.
    O doutor deu unha licenza médica ao Epifanio d'Aula.
    Este, que era un home moi formal e sempre disciplinado, viaxou a Alaska, onde estivo as tres semanas que lle durou a licenza.
    Tivo a tentación de dedicarse a rexistrar algunhas aves das que atopaba polo seu camiño, mais as recomendacións do doutor eran moi precisas: só observar, observar e pasear, nada de traballo.
    Con todo, quitou algunhas ideas sobre como rexistrar aves para cando se reincorporase ao traballo despois da licenza.
    E unha vez cumprido o tempo, Epifanio d'Aula presentouse na consulta do doutor todo recuperado. Perdera a rixidez e até sorría espontaneamente.
    – Doutor, estou recuperado, mais quero mostrarlle algo.
    – Mostre, mostre.
    O Epifanio d'Aula puxo unha caixa enriba da mesa. Contiña dúas estalaccitas petrificadas.
    – Isto que aquí ve, doutor, comezou a me saír polo nariz, cada estalaccita por un burato. Durante os primeiros días medraban e medraban até que, ao cabo, caeron ao chan. Despois petrificaron. Pódeme dicir de que se trata?
    – Caro señor d'Aula, precisamente foi por iso que o enviei a Alaska. O que lle saía polo nariz era o seu estrés. Ao contacto co frío, conxelou e despois petrificou. O estrés aliméntase da calor, mais co frío tende a saír. Eis o seu estrés materializado. A miña teoría era certa. E agora, se non lle importa, feche a porta cando saia que hei escribir un artigo sobre esta miña experiencia. Penso que a chamarei "tratamento do estrés por medio de lufadas polares con resultado de estalaccitación nasal". Que pase un bo día e non deixe de visitarme na próxima ocasión que se estrese.

================================(PT)=============================

    Epifânio d'Aula acudiu ao doutor com um ataque de estresse como poucas vezes se tinha visto.
    O coitado dele estava teso como um casqueiro.
    O doutor batia nas costas do homem com um martelo e aquilo soava como se fosse realmente de madeira.
    Os ombros tinha-os tesos, era incapaz de movê-los.
    O doutor perguntou:
    – E então, em que trabalha o senhor para estar tão estressado? Nunca vi uma coisa assim, para lhe ser sincero.
    Epifânio d'Aula virou-se fazendo um estranho movimento com os pés para ficar de frente ao doutor. Depois disse-lhe:
    – Verá, doutor, eu sou registador de aves do concelho.
    O doutor, nem remotamente, podia imaginar que tal profissão existisse.
    – Conte-me, pronto –pediu o doutor a Epifânio d'Aula.
    – Verá, como o concelho anda escasso de orçamento, eu estou sozinho para levar o registo de todas as aves de mais de cinquenta gramas do concelho. Felizmente, os pardais e outros pássaros não contan, mas as pombas sim. Há vinte anos, só havia pombas como aves de mais de cinquenta gramas, mas a dias de hoje há, aliás, gaivotas, cormorães, papagaios, catorras e outros. O problema é que eu devo persegui-las por toda a cidade, pôr-lhes um anel de controlo, anotar o registo e colocar-lhes um chip. E com os meus anos, já nem posso com isto, porque cada vez há mais pássaros e a Câmara não quer contratar mais ninguém para me ajudar com este trabalho.
    O doutor compreendia a gravidade do assunto.
    – Senhor d'Aula, dar-lhe-ei uma licença médica. O senhor não pode continuar assim.
    – Mas, ó doutor, se eu não registo as aves, isto será um caos!
    – Pode ser, mas é responsabilidade do presidente da Câmara. O senhor está muito doente. Nunca vi um caso de estresse como o seu, que cause tal rigidez. Hei de lhe dizer que quando o seu estresse madurece, saem-lhe uma espécie de frutos pelas orelhas. Tenho a suspeita de que o seu estresse dá frutos, um caso excecional.
    – Então, é grave, doutor?
    – Gravíssimo.
    – E tem alguma solução?
    – Tenho. Vou-lhe receitar uma viagem a Alaska.
    – A Alaska? Mas ali faz um frio que congela até os pensamentos.
    – Pois é. Vai ficar lá três semanas. Justo três. Veja os pinguins, os ursos polares, os leões marinhos, as baleias e as angadopas.
    – As angadopas?
    – Serão as anchovas.
    Dito, feito.
    O doutor deu uma licença médica ao Epifânio d'Aula.
    Este, que era um homem muito formal e sempre disciplinado, viajou até Alaska, onde esteve as três semanas que lhe durou a licença.
    Teve a tentação de dedicar-se a registar algumas aves que encontrava pelo caminho, mas as recomendações do doutor eram muito precisas: só observar, observar e passear, nada de trabalho.
    Contudo, tirou algumas ideias sobre como registar aves para quando voltar ao trabalho depois da licença.
    E uma vez cumprido o tempo, Epifânio d'Aula apresentou-se na consulta do doutor todo recuperado. Tinha perdido a rigidez e até sorria espontaneamente.
    – Doutor, estou recuperado, mas quero mostrar-lhe algo.
    – Mostre, mostre.
    O Epifânio d'Aula pôs uma caixa acima da mesa. Continha duas estalaccitas petrificadas.
    – Isto que aqui vê, doutor, começou a me sair pelo nariz, cada estalaccita por um burato. Durante os primeiros dias cresciam e cresciam até que, ao final, caíram ao chão. Depois petrificaram-se. Pode-me dizer de que se trata?
    – Caro senhor d'Aula, precisamente foi por isso que o enviei a Alaska. O que lhe saía pelo nariz era o seu estresse. Ao contato com o frio, congelou-se e depois petrificou-se. O estresse alimenta-se do calor, mas com o frio tende a sair. Eis o seu estresse materializado. A minha teoria era certa. E agora, se não se importa, feche a porta quando saia que hei de escrever um artigo sobre esta experiência. Acho que a chamarei "tratamento do estresse por meio de lufadas polares com resultado de estalaccitação nasal". Que tenha um bom dia e não deixe de visitar-me na próxima ocasião que se estressar.

                                            © Texto: Xavier Frías Conde, 2010
© Imaxe/imagem: Sara García, 2010

Sem comentários: